Barquinho Enfeitiçado
11:31
Abandonei o barquinho de papel em águas recém-conhecidas. O barco nem levou tripulantes para que pudesse navegar sem necessidade de voltar, e continuou a navegar, por ali, onde eu conseguia vê-lo. Deixei-o conhecer novos habitantes, novos sentimentos que naquele mar residiam. Não o deixei encontrar terra para que o mar fosse a sua única necessidade, o seu ponto de partida e chegada. Mas o que é certo é que ele atracou, deixou de navegar, deixou de conhecer. Parou. E um dia deixei de o ver. Como uma criança perdida, parei à berma daquele mar azul. E restava, apenas, a vontade de sentir num corpo confuso de preces penosas de um amor fugido. Pois esse barco, esse amor, fugira-me para viver. E agora que naufragara naqueles olhos, só me arrependo de não ter tido coragem de lhe pedir para voltar, de lhe pedir que não atracasse, que nem fosse sequer! Pois estava demasiado enfeitiçado com os seus olhos de mar que ainda não estava preparado para navegar...
24 comentários
E é sempre assim: quem prende o 'barquinho' também fica preso, a outra ponta da corda. Viver é 'navegar por mares nunca antes navegados'.
ResponderEliminarAdorei!
Abração,
Rodrigo Davel
Gostei tanto... Quem sabe se a maré não o trás de volta...
ResponderEliminarBeijinhos *
Meu caro, excelente texto....
ResponderEliminarUm abraço
Adoro a tua escrita, que lindo. E quem sabe esse barquinho não regresse, com essa necessidade. :)
ResponderEliminarA veces construimos ilusiones que se quedan varadas, naufragas y huérfanas de quien les dio la vida.
ResponderEliminarLas buscamos como si fueran niños pequeños que se han perdido y no logramos ver su estela, porque han llegado a un puerto que no estaba previsto en nuestra brújula.
Muy buena la Entrada, como siempre, Paulo.
Un abrazo.
E se vai mais uma vez o amor passeando pela vida tão elegante e lindo, mas com sua tristeza de fim ou possível fim sobre ele. Me lembrei de uma trecho integrado em uma música que não sei de quem é "Navegar é preciso, viver não é preciso" e navegamos e assistimos a outros navegar e as correntes do mar direcionam os sentimentos.
ResponderEliminarAbraços.
seu texto é tão bom, que cada pessoa com um sentimento diferente lê e sente como se fosse consigo mesmo. o texto me remete paixão!
ResponderEliminarmuito bom, ótima noite
Deixar o barco seguir o seu rumo é difícil, embora necessário.
ResponderEliminarMuito bonito o texto.
abraço
Desta vez vou me conter quando ao comentário relativamente ao texto e vou focar as minhas palavras na fotografia com base no texto. Adorei o pormenor de teres usado a fotografia para simbolizar os sentimentos que escreves-te e a associação de ideias (Barco), muito bem! artista ;)
ResponderEliminarAbraço
mas sempre existe a possibilidade de contruir outro barco, desta vez mais forte e mais experiente, não? rs...
ResponderEliminargrande abraço!
…Pensador, por vezes é penoso ficarmos presos ao feitiço de um olhar. Já fiquei e estou. Fecho os olhos e perco-me no meio de um olhar que nem eu sei até onde irá “dar”.
ResponderEliminarPorque será que o nosso Mar nos alimenta a alma, quando deitamos a ele os nossos barcos, feitos sonhos, encantados, enfeitiçados, em preces nem sempre ouvidas ou sentidas…Porquê?
Questiono-me centenas de vezes, e volto em centenas de vezes a não obter resposta…mas ele que vive em tormentas dá-nos o alento mas também no atormenta a alma com tais pensamentos…Rememos contra ventos e marés, deixemo-nos aguardar por melhores dias que com toda a certeza, temos de ter força e coragem para acreditar…
Por vezes nós temos a coragem, mas apenas sabemos qual será a resposta, e talvez o “castigo” imposto por nós próprios seja o “…de não ter tido coragem de lhe pedir para voltar, de lhe pedir que não atracasse, que nem fosse sequer!”
Beijo n´oteudoceolhar*
Às vezes, simplesmente, não estamos preparados pra viver um grande amor. Tudo tem um momento certo pra ser!
ResponderEliminarMe lembrou MUITO essa música: http://www.youtube.com/watch?v=YH3ACStz-P0 :D
Obrigada Paulinho :D Beijinhos *
ResponderEliminarAs vezes é assim que me sinto, um barco sem rumo..
ResponderEliminarPor vezes deixamos escapar entre os dedos a felicidade e quando acordamos é tarde...a vida passou e o amor não ficou.
ResponderEliminarUm beijinho
Sonhadora
Concordo contigo, beijinho*
ResponderEliminarSabe, um coração livre é capaz de alimentar daquele amor saudável. Se o barco é mesmo carregado de tanto amor, ele volta...
ResponderEliminarQuem sabe, um dia ele não voltará.
ResponderEliminarUm texto magnifico!
ResponderEliminarCaramba, que lindo! *.* Você conseguiu extrair sentimentos tão nobres e profundos de uma simples brincadeira de infância >.< Era muito bom fazer esses barquinhos de papel e correr atrás deles no caminho de água que a chuva deixava.
ResponderEliminarAbração, mano :)
Oi como voce esta? Não li esse seu texto, te linkei no blog ta?? Layout novo
ResponderEliminarbejos
Pois é, e acho que isso é das melhores coisas que nos pode acontecer.
ResponderEliminarMas que verdade o que disseste! Beijinhos.
ResponderEliminarE, parafraseando Fernando Pessoa: viajar, perder países... Sobretudo porque navegar é preciso.
ResponderEliminarAbraços.
« A única pessoa que nunca comete erros é aquela que nunca faz nada. »
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