Desaparecida

22:26

Antes de mais um aviso: não estou aqui a expôr a vida de ninguém, conto um acontecimento que se passou publicamente e todos os detalhes privados sobre a identidade dos intervenientes serão salvaguardados.

Relato II 
"Desaparecida"


Infelizmente consta da minha realidade deparar-me com desaparecimentos de hóspedes nos locais onde trabalhei. Hoje, são cerca de 6:15 e estou a escrever sobre um desses acontecimentos.

Pela primeira vez, duas jovens conseguiram ir de férias juntas para fora da grande cidade. Um voto de confiança dos pais e pronto, diversão garantida fora do cerco familiar.

Conhecidos, amigos e bebida é o que não pode faltar. Eis que uma delas desaparece - descalça, pouco vestida, bêbada e incontactável. Os amigos obviamente que vieram à sua procura no hostel... Mas vamos saltar à frente a parte chata e melancólica da coisa... 

A polícia bateu à porta duas vezes e escusado é dizer que eu só não implorei para baterem mais porque eles podiam considerar desacato à autoridade - uma pena

5:30 da manhã e novamente a porta toca. A rapariga ali estava, e em bom inglês "looking like a mess", borrada, cheia de terra, suja, descalça e com um sorriso embora se notassem uns olhos de choro, demasiado tristes.

Perdida nos seus pensamentos não sei se com sono ou ressacada, consumida em lágrimas "oh, avisaram os meus pais, f*dasse". Miga, calma. 

Momentos depois: bombeiros, polícia, amigos, amigas e mais amigos - tudo no hostel. Todos a repetirem as mesmas perguntas "onde estiveste?" "não tens noção do quanto nos deixaste preocupados?

Eu soube do desaparecimento da rapariga à uma da manhã: hora que entrei ao serviço e também eu fiquei preocupado por isso acredito que todos eles estivessem muito preocupados mas se realmente fossem amigos tinham reparado que ela não estava bem, talvez deixa-la beber não fosse a melhor ideia... But anyway... Somos jovens, fazemos asneiras - fuck it.

Às vezes precisamos de tempo para nós mesmos mas é algo de bastante irresponsável preocupar outras pessoas só porque não estamos bem connosco mesmos.

Era tanta conversa que (já era mais galhofa que outra coisa) tive de mandar calar o pessoal: inclusivé os GNR's que com um sorriso mandaram os outros se calarem. Pensei mesmo "f*dasse és mesmo bom que até já mandas calar polícias e eles obedecem!"

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7 comentários

  1. O mal de algumas pessoas é que se sentem tão reprimidas que depois quando têm um pouco de liberdade não têm controlo e abusam. Claro que asneiras todos nós fazemos, é algo natural, mas temos que ter noção de que não podemos preocupar os outros só porque sim. Tem que haver um mínimo de bom senso.

    É assim mesmo, há que impor respeito :D ahahah

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  2. Os recepcionistas devem ter que aturar com cada maluco, credo...! Deves ter imensa paciência!!

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  3. Há com cada um, que deve ser preciso uma paciência "infinita".

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  4. Descobri este cantinho e gostei ;) Vou voltar!

    Quanto ao teu trabalho, calculo que tenhas muitas mais histórias para contar... :)

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  5. Bom dia, autoridade recepcionista em bom português, afinal quem manda e organiza os clientes com boas sugestões, é ele que que sabe e existe a todas as situações normais e menos normas.
    Os seus textos são interessantes.
    AG

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  6. é dificil aturar hospedes. sei-o bem!

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