Acho que o que sempre me distinguiu dos meu circulo de amigos foi a minha capacidade de pensar positivo sobre o futuro e de achar que a vida me vai sorrir. Talvez pelo facto de já ter levado tantos pontapés e encostões de realidade da vida ou então por ser um sonhador. O que é verdade é que passo demasiado tempo a pensar e a sonhar, a planear histórias em que sou o capitão de um navio que nunca se vai deixar abalar pelas tempestades marítimas e que as únicas gotas que me deslizarão pela cara serão de água salgada do mar. Montes de mentiras que conto a mim mesmo sentado no chão do meu quarto. Nada para além de ilusões e oásis desnorteados na minha cabeça. A imagem que criei de mim mesmo em frente do espelho pode parecer de capitão de navio com uma mão cheia de cicatrizes de histórias intermináveis mas na verdade não passo de espantalho de palha que balança ao mínimo sopro de vento. Tento ser forte mesmo que as minhas mãos tremam de medo. Tento ser forte mesmo quando os meus pés só querem descansar e libertarem-se do peso do meu corpo. Tento ser forte quando o frio me greta os lábios e no fundo só preciso de um abraço quente e abafado. O Inverno chegou e o vento soprou tão alto que estremeceu toda esta embarcação. Sofro de silêncio gelado que me corta as palpitações para metade, sinto-me a sufocar e esqueço-me de respirar por vezes com medo que alguém me oiça. E assim deixo-me ficar, onde sei que estou seguro e os meus pés penetram a areia. Aqui me me deixo ficar mesmo que não seja aqui que queira estar.
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